NA LAMA (Giovanni)
Tá tão frio, meu Giovanni.
me desnudo,
tá tão frio, tão frio,
gozo em mim, gozo de mim
e tá frio - deserto,
de certo, eu não sei quem sou.
Nesta lama tão nua, Giovanni,
meu Giovanni,
olhe!
estou nua de mim.
E um tesão me envolve... na lama
olha meu corpo,
tá tão nu - travestido - tá tão nu.
Estou tão solta das grades,
dos freios dos certos,
incertos, incertos,
incertos...
tão presos em si.
Eu translouca, tão solta,
tão presa.
Sem roupa, sem veste - traveste,
sem pudor,
por favor... não me vista.
Nua de mim,
neste gozo narciso que me mostra,
sem que eu nada saiba.
Na lama, na cama, na fama...
na boca do povo... não importa.
No vento da noite - não tão fria...
desnuda - sem a roupa suja, tão suja
que não me pertence
e eu... nua.
Giovanni, tão meu...
Giovanni tão frágil, tão só,
tão preso... tão euuuuuuuuuu.
Oh!!!
Por que me prendo nesta nudez tão dúbia
e,
já não me vejo?
Ao Caíque Ferreira,
pela sua interpretação apaixonada em "GIOVANNI",
que me inspirou escrever este poema.
* do livro VENTRE DA NOITE - Editora Muiraquitã - Walma Lúcia - 1995
Apresentação: Luis Antônio Pimentel
Prefácio: Branca Eloysa e Marco Américo Lucchesi
Capa: Walma Lúcia
4 ª Capa: Flávia Lage(foto) .
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